Todo ano, centenas de pinguins-de-magalhães deixam as águas da Patagônia Argentina em direção ao oceano do sudeste brasileiro em busca de alimento e águas mais quentes.
Rico em biodiversidade marinha, o Litoral Norte de São Paulo tem registrado a chegada de novos visitantes nesta temporada de meio de ano: os pinguins-de-magalhães.
Os primeiros animais chegaram à região em maio, mas é a partir de julho que essa passagem se intensifica. Ela segue até meados de setembro, de acordo com o Instituto Argonauta, um projeto de conversação marinha.
Neste ano, o instituto já encontrou 43 pinguins em praias de Caraguatatuba, São Sebastião, Ubatuba e Ilhabela – 24 estavam vivos e 19 mortos. 11 seguem em processo de reabilitação, para serem reintegrados na natureza.
Segundo o instituto, as ocorrências de pinguins-de-magalhães no Litoral Norte de SP são comuns nessa época. Todo ano, eles deixam as águas da Patagônia Argentina em direção ao oceano do sudeste brasileiro em busca de alimento e águas mais quentes.
Durante essa longa jornada, porém, alguns animais – principalmente os jovens – acabam se perdendo por conta da corrente marítima e chegam às praias.
“Essa chegada nem sempre é tranquila. Durante os anos de atuação do Instituto Argonauta, constatamos que os pinguins que chegam aqui, em grande maioria, são animais jovens e, por ser a primeira migração, eles se perdem do grupo. Muitos chegam debilitados, exaustos, desnutridos e com algumas doenças adquiridas no percurso”, explica o oceanólogo Hugo Gallo Neto, diretor do Aquário de Ubatuba e presidente do Instituto Argonauta.
Além das dificuldades naturais, o especialista afirma que a ação humana também acaba influenciando negativamente na passagem dos pinguins pela região.
“Somando aos desafios ainda temos os impactos causados pelo ser humano, como as mudanças climáticas. Além disso, eles enfrentam também riscos como a poluição marinha e ingestão de lixo, contribuindo para a mortalidade de alguns desses animais, mesmo após o resgate”, completa Gallo.
Na temporada do ano passado, o instituto resgatou 426 pinguins. Muitos deles foram encontrados por moradores da região e turistas, que aproveitam as praias do Litoral Norte.
Segundo o instituto, alguns cuidados devem ser tomados sempre que pinguins forem encontrados nas praias:
não tocar no animal
manter distância para evitar estresse ou ferimentos adicionais
não manusear carcaças
proteger o pinguim, se possível improvisando uma sombra
afastar animais domésticos